A sina de Gracinha..














Quando começaram a comer
Gracinha se calou
E galinha e feijão com charque
Aos montes devorou
E do vestido em sua cesta
 alegremente se lembrou
Mãe Tiana e Monira também
Estavam caladas
E olhavam pra das Graças
Com olhar de rabiada
Depois de muito comerem
Forma sentar no quintal
E mãe tiana perguntou
-Então Maria que tal?
Primeiro quero saber
o que foi que sucedeu
Já que é tempo de cavalgada
Assim penso eu
Monira olhou pra ela
E lhe disse arreliada
Foi a cobra grande
Ela  invadiu a capela
E disse que por ali
Ninguém acende uma vela
Ate quem se resolva
Quem fica no lugar da velha
E disse que se fizéssemos cavalgada
Que ia comer nossas éguas
Todas duma só bucada
A assim num podemo
Fazer nem procissão nem cavalgada
E a culpa é toda tua
E desse ladrão de estrada
Assim  voltei pra cá
Pois foi o que me disse
Dona Xica do chá

O que tenho que fazer
Pra tu ficar no meu lugar
Pois isso não me ensinaram
Quando foram me educar
Tu precisa primeiro
Fazer tua primeira cavalgada
Depois tu aceita a sina
De entregar pra ser matinta
Tua primeira menina
E se eu não tiver uma filha
O que vai se suceder?
Monira disse que isso
Era impossível de acontecer
Que era pra ela parir
Até a matinta nascer
Mas o que fiz eu á Deus
Pra isso me acontecer
Tenho que amaldiçoar minha filha
Que ainda nem fiz nascer
Deve haver por acaso
Uma outra solução
E olhou pra mãe tiana que disse
-Existe não.
Ou tu vira a cunha
 e aceita a obrigação
Ou entrega tua filha
pra cumprir a maldição
e tem mais uma coisa
a primeira filha dos dois
é que ela tem que ser
se não não serve
pra maldição receber
Eu parto contigo Monira
Mas tu vais me prometer
Que com meu Raimundo
Nada vai acontecer
Ele fica por aqui
Não podemo lhe levar
Que ele já fez demais
Das suas confusão por lá
Se ele não fica aqui
Por lá vão lhe castigá
Que o Juca perdoou ele
Mas Maneca qué lhe pegá
Das Graças numa tristeza sem fim
Pediu tragam ele
Pra se despedir de mim
Primeiro deixa que eu vá
O meu vestido trocar
E peço á mãe tiana
Para meu homem hospedar
Até que por cá eu volte
Pra nossa viajem continuar
Mãe Tiana disse que sim
Que ficasse despreocupada
Que Raimundo era Benvindo
E que dele ela cuidava
Monira avisou das Graças
Que Raimundo ia buscar
Pra ela se preparar rápido
Que já iam viajar
Tava com medo que a velha
Estar já morta por lá
Raimundo foi conduzido
De volta pro barracão
E nos braços de Gracinha
Entregou seu coração
Eu sou já comprometido
Em um lugar bem distante
Já não queria mulher nenhuma
Até te ver no instante
Que mudou meu mundo todo
E minhas rotas de viajante
Com ela tenho quatro meninos
Que são todos já crescidos
E pra casa eu até voltava
Não tivesse te conhecido
Raimundo eu muito te amo
E quero contigo ficar
Mas se tu já tiveres filha
Terei que te deixar
Até que eu tenha a menina
Que matinta ela será
Pois esse é o único jeito
De juntos a gente ficar
E tu já tem uma
Disse a chícara de chá

Pois eu te digo 
tão certo como o dia
se eu tivesse menina
certamente te diria
e como tu sabe
que quando de la saiste
uma filha na barriga tu nao deixava?
por que ja de muito
com ninguém eu me deitava
Monira chegou por perto
E fez sinal pra gracinha
De que já era hora
Se seguirem rio acima
Num ultimo aperto no peito
Eles se despediram
E juraram verem se em breve
E que sempre se amariam
Raimundo olhos molhados
Viu gracinha ser embarcada
E depois saiu correndo
Pra ver a orquídea malhada. 

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